Lirinha Romântica, Física&Quântica

Um lance de dados jamais abolirá o acaso – Mallarmé
Minh’alma chove frio, tristinho. Não te comove este versinho? – Drummond

nesse nosso mundo finito limitado
imperfeito desarmônico melancólico
e cruel a escolha é quase sempre
perda dor privação “escolher é perder”
contudo de fato no mundo dos átomos
dos bits-e-bytes universo perfeito
da física quântico da sorte no caos
das leis e propriedades da imprevisibilidade
universo das incertezas probabilidades
a escolha é apenas a opção do observador
de tornar visível uma face possível
do objeto na medida em que todo
objeto toda partícula carrega em si
ao mesmo tempo todas as possibilidades
possíveis e impossíveis

e quando um observador no controle
do potencial infinito de infinitas possibilidades
decide capturar o suave voo de um pássaro
em um frágil poema de papel (significante
de um significado fugidio inconstante
e singular) é a sua percepção sua consciência
de observador criando a efêmera realidade
possível em ondas: uma onda apenas uma onda
entre tantas outras ondas de possibilidades:
o pássaro (possível) no voo (intangível)

e o observador na sua conditio sine qua non
de perceber criar conceber estabelecer
é livre é sempre livre está predestinado a ser
livre livre muito livre infinitamente livre
para escolher podendo voltar atrás e refazer
suas escolhas errar acertar voltar atrás escolher
de novo errando acertar ou acertar errando
porque nós observadores somos a vida
e a morte a essência do universo observável

Então gata trocando em miados
se você me quer odiar por tempos imemoriais
me odeie e ponto ou então me convide amanhã
para almoçarmos…

Tags:, , , ,
Copyright © 2016. All rights reserved.

Publicado 25/12/2014 por acristino na categoria "Arte Poética

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *