Coração de Poeta (As Musas)

À Cláudio Manuel, poeta inconfidente

No peito aflito o coração dolente
De angústias cheio o triste coração
O coração do poeta às musas grato
As musas que’o fizeram desgraçado!

Grato à Marília, musa de Bocage
E’a, de Jorge de Lima, Mira-Celi
Grato a Camões da morta Inês de Castro
Grato à Beatriz, Dulcinea del Toboso.

Brancaflor, jaz, em hostes celestiais
Ao som de rumba, jazz, a musa errante
Tão perto, não importa o quão distante!

Também pudera! Pois, se, então, duvidas
Reparas, ó mortal, na chaga viva
Que’o vil amor abriu no peito amante.

Mas ninguém doma um coração de poeta!