Brancaflor-Canção de Maldizer

Se todo poeta cantasse o amor
Aí, quem me dera’eu fosse o seu cantor
Pra versar como versa um trovador
‘Canção de maldizer‘ pra Brancaflor.

Se você for minha estrela, um cometa
Em fogos e explosões, quisera’eu tê-la
No palco céu em que estrela, o capeta
Brancaflor, põe mesas à luz de velas.

Mas você não quis me ouvir, Brancaflor
Bailou tanto o corpinho bibe
Que atraiu seu novo amor gigo.

Entrego o dorso nu à deusa Helena
Nesta hora que me’é contrária à disputa
Brancaflor, minha musa virou Diva.

Não quero mais dançar seu pas de deux
Brancaflor, não canto mais pra você.

Serenata Sintética

(Meu canto não tem nada a ver com a lua – Caetano)

Salve, ó Lua cândida, atrás dos altos
Montes eternamente noctâmbula
Salve! Salve! ó astro fúlgido, que brilhas
Docemente pela noite de minh’alma.

Meiga lua, linda, recatada e do mar
Os teus segredos onde os deixaste ficar?
Nem tão doirada e crua te levantes, ó lua
Mas venhas triste e nua do prateado véu.

Quantos caminhos até chegar a um beijo teu
Que solidão errante até tua companhia
Rua torta, lua morta, tua porta.

Sinto que nós somos noite, apesar da lua
Que tateamos no escuro dentro da noite veloz
E nas cinzas das horas nos dissolvemos.